Sinto saudade de mim mesma. Saudade de quando todas minhas dores eram curadas dentro do abraço da minha mãe e/ou do meu pai.
Sinto saudade da segurança do meu lar, de dividir meu quarto com minha irmã e minha cama com meu irmão, que no meio na noite deitava ao meu lado pra dormir agarradinho, com medo do escuro. Saudade de quando éramos cinco, indivisíveis e inseparáveis.
Saudade da minha ingenuidade tipicamente infantil, de quando construía castelos com latinhas de refrigerante.
Saudade do tempo que a única beleza que importava era a da felicidade, do sorriso descompromissado, da leveza.
Saudade de quando a realização era um sorvete daqueles de máquinas com mil e uma abelhas rodeando, e a escolha era feita pela cor e não pelo sabor, pois todos tinham o mesmo gosto, gosto de prazer.
Saudade de como me sentia pulando dentro de um balão colorido inflado com ar. Das minhas gargalhadas, dos meus cabelos descabelados ao vento, de cada pulo, cada cambalhota.
Saudade de não me importar nem um pouco com que os outros estavam pensando de mim, porque a única coisa que realmente importava era o momento, o aqui e agora.
Sinto saudade de quando eu não era egoísta e não sabia dissimular ou mentir, porque eu não precisava desses artifícios. Eu simplesmente só sabia ser o que eu era de verdade.
Sinto saudade de quando a diversão de sábado à noite era ver minha mãe se enfeitar, se pintar, se perfumar. Aquele cheiro ainda mora em mim!
Saudade daquela meninazinha que acreditava que seus pais eram seres humanos perfeitos e com poderes mágicos.
Eu ainda sinto aquela Larissa. Aquela criança feliz e descabelada, brincando na areia. Mas que bobagem... aquela mesma meninazinha ainda mora em mim, no meu sorriso fácil, na minha vontade de ser feliz todos os dias ao acordar, na minha capacidade de sempre me surpreender, de sempre achar beleza nas insignificâncias e me demorar nas desimportâncias, vivendo cada momento eterno!
Sinto tanta saudade “daquela coisa morna e ingênua que foi ficando no caminho”, mas, maior que toda essa saudade é o orgulho de todas as minhas lembranças, de cada pedacinho do roteiro que me transformou na mulher, com muitas coisas ainda de menina (temo que isso nunca mude), que sou hoje. Sinto muito orgulho de poder olhar para trás e perceber que nesses 31 anos - deu o baque - acumulei afetos e encontros, que só apuraram meu olhar, ajudando-me a descobrir o mundo com olhos de poeta e a enxergar que as maiores riquezas não se compram com dinheiro. Orgulho e gratidão por todos esses retalhos e pessoas com os quais vou bordado minha história e construindo uma linda colcha de felicidade e leveza, colorida e cheia de poesia!
Obrigada, obrigada, obrigada!
Beijos, beijos, beijos \o/
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