segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

No ponto de ônibus



Era quase noite na Frei Serafim
Ele veio se aproximando
Correndo, passando por mim
Com aquele jeito de malandro
Pés no chão, cigarro na mão
E uma gargalhada debochada
Roupas sujas e rasgadas
Parecia com nada se preocupar
Só queria curtir e aproveitar
Tirava onda das pessoas com a galera da esquina
Sorria, pegava no cabelo da menina
Eles ali eram todos iguais
Inocentes e culpados
Querendo sempre uma dose a mais
Uma dose de dignidade
Uma dose de vida
Que pra ele já parecia perdida
Fazia de tudo pra chamar atenção
Em meio a gritos e palavrões
Se drogando pelos becos
Pedindo esmola pra cheirar cola
Vivendo assim sempre o oposto
Sem rumo, sem destino, sem rosto
Aproximou-se um pouco mais
Senti medo, segurei firme a bolsa
Mas ele era só uma criança
Como temer aquela criatura?
Por trás de todo aquele lodo
Aquele olhar anárquico
Aquela dança
Existia só uma criança
Mas mesmo assim senti medo
Medo de uma criança


*


Sad, but true! Fico me perguntando como eu posso ter sentido medo de uma criança? Um ser tão frágil, tão dependente... Sinceramente não sei. Eu não quero mais ter medo.

4 comentários:

Anônimo disse...

é mt triste essa realidade.. crianças transformadas e subvertidas!! =[

Anônimo disse...

eh triste mesmo... tu ja tinha me mostrado esse texto e axei massa!!!
te amo, mani!!! bjosssssssssssss

Anônimo disse...

É uma pena que esse texto seja a realidade de todas as esquinas q dobramos. Eu tb não queria sentir medo, mas infelizmente eu sinto.

Vera disse...

Tsc-tsc.

Uma pena mesmo que nós tenhamos medo de crianças. Isso é reflexo de como o mundo está virado.
Que Deus esteja nos vendo.

Abraço.